FLIT 2012 e o Show do Ano

A FLIT chegou ao fim, e ao contrário do que pensei não "morei" por lá.
Apesar de ter sido no mês de Julho, época de férias, acabei não frequentando muito o  evento.
Um amigo que eu esperava vir para passear comigo pelos corredores de livros da feira literária não pode vir... e mesmo estando de férias não fiquei o que se pode chamar de desocupada.

Mas até que deu pra aproveitar! A estrutura estava linda! Gostei do fato dos livros ficarem concentrados em um espaço só dessa vez. Adorei o Espaço cordel desse ano, ficou lindo! Pude assistir a uma apresentação lá, ri muito, foi muito bom!
Na verdade, toda a estrutura merece ser elogiada.
O tema sustentabilidade foi levado a sério e a mistura das árvores com as pessoas no interior da FLIT ficou genial. 


Livros comprados a R$ 10,00 cada :) 

Acabei não indo ao festival de filmes Chico, que adoro! Mas comprei alguns livros por um preço mega acessível, assisti ao espetáculo "Exotique" do Grupo Tholl e do balé Bolshoi e me diverti muito em alguns shows. E é sobre os shows que quero falar. 
Assisti ao show do Lulu Santos que abriu a Feira, e adorei. Relembrei momentos da minha vida com as canções dele. O show do Lenini, que adoro, eu não pude ir... mas já havia assistido no ano passado. O show do Padre Reginaldo Manzotti foi lindo. 

Depois assisti a Paralamas do Sucesso e Zeca Baleiro, em ambos os shows fiquei encantada! Afinal, estamos vivendo uma "era musical" vergonhosa no nosso país! É bom lembrar que o Brasil sabe fazer música de qualidade.

Pra fechar com chave de ouro, fui ao show de encerramento com a Elba Ramalho.
Posso dizer que foi o melhor show da FLIT inteira. Sem desmerecer as outras atrações, claro. 

Acho que já falei aqui em algum outro post que sinto muita falta da minha terra, do meu Nordeste. Adoro Palmas, é verdade, a vida que construí e os amigos que conquistei aqui são coisas que me fazem amar essa cidade, mas não posso dizer que não sinto falta da minha terra, eu estaria mentindo. 

Sinto falta especialmente na época de São João. O mês de Junho pra mim é o mais dolorido. Lembro-me do meu primeiro ano em Palmas, eu, uma criança de nove anos de idade tentava me adaptar aos costumes e ao clima daqui. Com dificuldade me acostumei com o barulhos dos trovões em época de chuva e com a falta do mar, as praias que não tinham onda e a farinha que não era fina... As outras crianças riam do meu sotaque, mas eu não me importava. Até que chegou o mês de Junho e todos os preparativos para as festas juninas na escola. 

Aconteceu algo muito engraçado. As festas juninas me faziam sentir em casa novamente, me faziam lembrar quem eu era e de onde eu vinha, me faziam lembrar minhas raízes! Me enchi de expectativas que na verdade foram frustradas

Hoje eu compreendo que o Brasil é muito vasto e que ele tem uma cultura muito diversificada, mas quando eu tinha nove anos eu não entendia isso, eu não queria entender. Pra mim, estava tudo errado. 

Primeiro ensaio da quadrilha resultou em uma choradeira sem fim. Fiquei tão decepcionada que não dancei naquele ano e em nenhum dos outros anos que se seguiram. 
O motivo da choradeira? 

Não conseguia entender porque era uma dupla sertaneja que cantava uma música que tentava ser junina. Porque nenhuma das meninas usava sandália de couro (conhecida como priquitinha), porque os meninos não estavam todos de botina, porque o puxador era o professor de educação física, e porque nós não tínhamos passos de xote e xaxado perfeitamente dançados em sintonia. 

E principalmente, porque nós andávamos brincando como se a quadrilha não fosse uma coisa séria, porque eles tratavam aquilo como uma simples brincadeira. 

Os costumes e toda a disciplina que aprendi desde bem pequena na escola em que estudava no nordeste estavam sendo contrariados ali na minha frente, e eu não podia participar daquilo. 
Cheguei em casa aos prantos e minha mãe muito paciente me explicou que aqui era diferente, que eu não morava mais no nordeste e que eu precisava me acostumar com isso.  Deixou claro que teria de me acostumar, mas que não precisa deixar de ser quem eu era ou esquecer o que tinha aprendido. Na época eu não entendi muito bem e nem dei muita importância... mas hoje respeito a cultura daqui, e gosto muito, na verdade. Mas sinto falta da minha terra. 

Por isso dancei até não me aguentar em pé, no show da Elba! Cantei até ficar rouca as músicas do baião. E me arrepiei dos pés a cabeça ao ouvir as músicas que marcaram as festas juninas da minha infância, as músicas do rei do baião Luiz Gonzaga, na voz de Elba que homenageou o centenário dele. 

Sem dúvida nenhuma, esse show compensou todas as festas juninas que não pude dançar ou ouvir as músicas da minha terra. 

E pra encerrar esse post, fica o trecho de uma das minhas músicas favoritas do saudoso Luiz Gonzaga, não só pela beleza e simplicidade da letra, mas pelo fato de o autor desses versos, ter sido apenas um sertanejo com pouco estudo e muito sentimento traduzidos com uma sanfona e essas palavras. 


Achei lindo! 

"Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei..."

A vida do Viajante  -  Luiz Gonzaga

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